Depois do resto do corpo, o cérebro cansa. Adormece lentamente, sem controlar as invisíveis cordas do raciocínio. É preciso reagir ao monstro paralisante, apesar do cinza ( o sol é apenas uma lembrança) e do frio ( o calor, um sonho).
A umidade desvirgina roupas e peles e as mensagens neurológicas do gelo chegam ao cérebro transformadas imediatamente em tremor.Agir contra o monstro paralisante, o lema;erguer essa bandeira, o sacrifício.
De que valerá levantar-se, pegar aquele livro que exigirá o manuseio, a leitura, a reflexão? E para quê, afinal, deixaram registradas em palavras as impressões que o tempo apagará, senão da memória dos homens, talvez no rastro radioativo que o último ódio produzirá?
O monstro-depressão mata qualquer esperança de respostas. Mas gera, sem querer, a necessidade delas. De fraca, porém, energia, que a condena a ser eterna necessidade.
Os olhos são-me de chumbo. À luta,contrapõe-se inércia. Objetivo: o sono.O acelerar de um carro lá fora fala de movimentos, sem dizer para onde.Vozes e passos na sala ao lado dizem de atividades.Quais?
Aqui, a batalha está perdida e o gesto de capitulação não poderia ser mais terrível: apertar o gatilho.
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