Não era um prédio londrino, cinza e antigo, cercado de névoas frias e invernais,tampouco mansão sombria; não parecia nada do que vemos em contos góticos e iguais.Era um prédio paulistano, como tantos outros iguais.Era isso e nada mais.
Não era um estudante imerso em leitura triste de vagos e curiosos tomos de ciências ancestrais; nem o amante que sofria o que seria a maior das dores a afligir a nós mortais,ou seja: sabermos que hoje são restos mortais aquela que amamos, demais
Era , já disse, um prédio paulistano, em ano quente, verão terrível, de calores abissais.E, no oitavo andar, o poeta viciado jazia,morto por uma dessas doses de drogas tão letais, que parecia o corpo, retorcido pelas convulsões letais,não ser um corpo, jamais.
Não era um cenário de Edgar Allan Poe; não era um poema dos que não se fazem mais;nem mesmo cena literária parecia. E o corvo sobre a mesa, entre envelopes e postais, era morto, empalhado, peso de prender postais: não falaria nunca mais.
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